sexta-feira, 1 de junho de 2012

Casa das Marinhas, LIMA, Viana de




Fig 1. Casa das Marinhas
                                         

1. as características do contexto de intervenção e o modo como o projeto lhes responde

       A casa das Marinhas do arquiteto Viana de Lima, está implantada sobe uma pequena colina junto à estrada nacional. Nesta colina existia já um velho moinho de vento, que foi reaproveitado e utilizado pelo arquiteto e que é assumido nesta obra como um elemento representativo da modernidade e também como um volume puro. O principal objetivo de Viana de Lima neste e nos seus outros projetos era manter e preservar a continuidade da tradição e os princípios categoriais da arquitetura do Movimento Moderno.
       Esta obra é o mais puro exemplo daquilo que Viana de Lima no decorrer do seu trabalho como arquiteto, impunha nos seus projetos as radiações, assim como as técnicas e os materiais locais, isto é, já existentes. Este projeto é também o produto da influência internacional de Le Corbusier, visto ser este um dos membros dos CIAM, onde Viana de Lima também fez parte. o projeto da Casa das Marinhas resulta também de num avanço na arquitetura que tinha como intenção e finalidade, uma arquitetura regida por princípios e estética moderna, mais sensível à tradição popular portuguesa.
       Essa tradição popular à moda portuguesa está à mostra e é transparecida o projeto através do papel do moinho. Este é uma marca do modernismo e assim assume-se como um “volume puro”, sendo que desde logo, mostrava a mistura de dois estilos, o tradicional com o moderno, mas sempre co uma maior presença da modernidade que Viana de Lima queria impor e que se fazia ver em elementos, tais como a cobertura plana da casa, o avanço que o atelier faz sobre o espaço exterior, a estrutura, a planta livre e até as janelas horizontais marcadas pelos grandes vãos e ainda uma influência cultural que é marcada pela textura da pedra rústica presente nas paredes e pelo uso que o arquiteto faz do moinho como um elemento construtivo já presente no local.
Sendo assim, o projeto da Casa das Marinhas elaborado naquele tempo, meados do séc. XX, e naquele local, pode ser diretamente relacionado como uma maneira de projetar que interpreta a tradição local tendo por base as ideias do Movimento Moderno.


2. a lógica funcional e espacial da plana que melhor representa o projeto          

Fig 2. Planta piso 1

Fig 3. Planta rés do chão


       O edifício organiza-se e desenvolve-se a partir do moinho pré-existente que se liga através de um corredor à parte mais intima e funcional da casa e também unifica os dois volumes.
       O Moinho é sobretudo a marca do edifício e o ponto de mais relevância, não sendo ao acaso que é através deste que se faz a entrada na casa e proporciona a quem entra u momento belo daquilo que é a Casa das Marinhas. Aquando a entrada na casa no piso térreo do moinho, deparamo-nos com um lanço de escadas que faz a ligação ao 1º piso.
No rés-do-chão, está sobretudo os espaços comuns da casa, isto é, a cozinha, a sala de jantar e a sala de estar.
       O recurso à planta livre está bem patente neste segmento da casa, onde os espaços são divididos e de certa forma limitados pelo uso dos móveis que se organizam em forma de L, para permitir o pé direito duplo. É ainda de salientar que a lavandaria é a única parte da casa que tem um piso só, funcionando como um volume independente.
O piso superior está organizado em forma de L, possibilitando assim a existência de uma área com pé direito duplo. Esta comunica com a sala de estar que se encontra no rés-do-chão através de ma janela interior aberta no corredor que faz o acesso aos quartos e ao atelier, que possui relação com a varanda exterior.


3. a lógica funcional e espacial do corte que melhor representa o projeto

Fig 4. Corte transversal


       Através do corte é possível compreender de que forma os dois pisos se relacionam. Compreende-se claramente a área de pé direito duplo que, a partir do piso superior se debruça sobre a zona pública, mas também através da grande abertura envidraçada situada no alçado poente criando assim múltiplas relações e sensações tais como, a de estar numa varanda dentro de casa.
No piso inferior é possível identificar enfiamentos visuais que atravessam a zona pública, estando alguns a cota mais elevada pois o mobiliário está a mesma cota das mesmas.
Verifica-se também um espaço exterior criado pela continuação da parede da fachada norte que cria uma interrupção na zona envolvente da moradia, mas que cria uma particularidade através da abertura de um vão e colocação de uma mesa com a largura do mesmo, criando um ponto visual


4. os aspectos do projeto mais próximos dos modelos canónicos do movimento moderno

       Viana de Lima procurou seguir os princípios do Movimento Moderno e é claramente visível que Lima foi fortemente influenciado por Le Corbusier.
       Isto pode ser verificado em vários elementos como a planta livre, fluída e totalmente funcional, a existência de pé direito duplo as suas relações visuais, as paredes rasgadas por grandes vãos horizontais, as formas puras e planos simples. Também se observa um pormenor tipicamente Corbusiano, semelhante ao que existe na Villa Savoye, que é a janela moldura.


5. os aspectos do projeto que mais se distanciam dos modelos canónicos do movimento moderno

       Ao contrário de uma arquitetura branca defendida pelo movimento moderno, Viana de Lima recorre a elementos tradicionais da arquitetura vernacular portuguesa, ligada a terra e a condicionamentos locais, materiais e climatéricos. Deste forma Lima, introduz o granito como parte marcante na conceção do projeto. A madeira é também aplicada em revestimento interior ao contrário das lisas típicas deste movimento. As portadas das janelas são também elas, muito tradicionais na nossa arquitetura. O reaproveitamento de uma estrutura já existente no local, o moinho - com uma forma cilíndrica -, com a adição de um novo volume, mostra uma adaptação entre o que já existia e o que é novo alegando um elemento tradicional.




Bibliografia


Monografia dos Arquitectos Portugueses da FAUP: Viana de Lima (sem mais dados)
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN, Viana de Lima: arquitecto 1913-1991, Lisboa, F.C.G., 1997




Trabalho de Síntese Final | UC Geometria



Painel 1

Painel 2

Painel 3

Painel 4

Painel 5

Painel 6